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Lembram-se do Lada?
#21
Bem Diospiro, defender a DDR como defendes ...... (e já mostraste a tua empatia pelo Chávez na Venezuela:noworry::noworry:).

Só o facto de desvalorizares a opinião de umas pessoas, que sabem mais do que tu ou eu o que se passava na Alemanha pré-queda da cortina de ferro. É o mesmo que dizer que os livros da história pintam o Hitler de maneira muito negra, porque os livros são escritos por pessoas, que têm opiniões, que podem ou não ser tendenciosas (atenção que não estou a passar um pano limpo sobre as atrocidades cometidas por uma Grande Nação, instigadas por um "doente mental" com manias esquizofrénicas de governar o mundo) :noworry:

E quem fala no Hitler, fala também no Nero, o "causador/instigador" do Grande Fogo de Roma, o qual não está comprovado mas é aceite para efeitos práticos.

´



Continuo sem perceber os ocidentais. Contra nós são cometidas demais atentados às liberdades, semelhantes aos países de leste. No entanto, nada muda, nem existe uma vontade por mudança radical. Mas nos países de leste, mudaram! :alien::alien:Será porque, no fim de contas, a sociedade aberta, baseada no consumismo e na riqueza como base para o bem-estar da população ser o limite atingível pelo ser humano?
Ou será que a ditatura da Maison Blanche (aquele lugar entre Arnage e a linha de meta, que em 1972 passou a ser apenas uma parte do nosso imaginário :biggrinbandit::biggrinbandit:) se aliou a uma raça qualquer alíenígena, suficientemente forte, para conseguir controlar as vontades de grande parte da população?
Será que há um grande "Arquitecto"?
´


Ou será que a Sociedade, defendida pelo Socialista (e ingénuo, diria eu) Rousseau como sendo podre, corrompe o Homem, obrigando-o a consumir tudo o que o vizinho já tem, ou vai ter? Bah, vamos-nos deixar de materialismos. :biggrinbandit::biggrinbandit:
Mas antes há que ganhar para uma casa grande com garagem... E de preferência com um Turismo a Diesel com muitos cavalos (para poder puxar 1800 kg de metal, ar condicionado, computadores xpto, etc). E, na casa grande, arranjar um simconmotion, 3 ecrãs e um volante e pedais da frex para completar o ramalhete.
Depois há que encher o guarda-fatos de....fatos de $1000 da Hugo Boss, polos de $100 da Fred Perry, sapatilhas de $90 da Puma...
E claro, gastar $400 num iPhone, depois de já se ter gasto $350 num iPod e $450 num BlackBerry



....



Não sei, lá para os 70 anos, acho que me posso libertar dos materialismos.:lol2:

Reply
#22
ArrayBem Diospiro, defender a DDR como defendes ...... (e já mostraste a tua empatia pelo Chávez na Venezuela:noworry::noworry:).

Só o facto de desvalorizares a opinião de umas pessoas, que sabem mais do que tu ou eu o que se passava na Alemanha pré-queda da cortina de ferro. É o mesmo que dizer que os livros da história pintam o Hitler de maneira muito negra, porque os livros são escritos por pessoas, que têm opiniões, que podem ou não ser tendenciosas (atenção que não estou a passar um pano limpo sobre as atrocidades cometidas por uma Grande Nação, instigadas por um "doente mental" com manias esquizofrénicas de governar o mundo) :noworry:

E quem fala no Hitler, fala também no Nero, o "causador/instigador" do Grande Fogo de Roma, o qual não está comprovado mas é aceite para efeitos práticos.

´[/quote]

Penso que dizer que estive, nos dois posts anteriores, a “defender” a RDA corresponde a uma manipulação absolutamente grosseira do que foi dito. Falou-se primitivamente em espionagem e limitei-me a esclarecer, segundo as informações que tenho, as dimensões e alcance da espionagem que existia na Alemanha de leste e comparei-a com fenómenos análogos que aconteceram e acontecem no resto do mundo. Essa comparação era absolutamente relevante para o que estivemos a discutir. Isso é “defender” a RDA? Penso se trata apenas de uma atitude de rigor, esclarecimento e equilíbrio em relação à compreensão da realidade. Qualquer coisa que seja diferente de uma perspectiva ciclópica corresponde a defender algum sistema em particular? A melhor forma de defender toda a humanidade é através da verdade, não da manipulação ou preconceito. Convém ter noção da composição relativa de cada variável em relação às outras em vez de nos deixarmos limitar por meras figuras de estilo que podem ser enganadoras e transmitir versões adulteradas da realidade.


A questão da Venezuela foi aludida como juízo de valor à minha pessoa, por isso é irrelevante e nem sequer vou falar dela já que, o que está em questão, não sou eu.

Penso também que não “desvalorizei” de forma alguma as opiniões dos teus amigos alemães. O que disse (e penso que fui claro) foi que a nacionalidade não dá nem tira razão a uma pessoa. Neste contexto, a nacionalidade não é argumento que sirva para validar o que quer que seja. Da mesma maneira que há alemães com a opinião que citaste há, igualmente, alemães com opiniões localizadas nos antípodas dessa. Eu próprio conheço alguns desses alemães.

ArrayContinuo sem perceber os ocidentais. Contra nós são cometidas demais atentados às liberdades, semelhantes aos países de leste. No entanto, nada muda, nem existe uma vontade por mudança radical. Mas nos países de leste, mudaram! :alien::alien:Será porque, no fim de contas, a sociedade aberta, baseada no consumismo e na riqueza como base para o bem-estar da população ser o limite atingível pelo ser humano?
Ou será que a ditatura da Maison Blanche (aquele lugar entre Arnage e a linha de meta, que em 1972 passou a ser apenas uma parte do nosso imaginário :biggrinbandit::biggrinbandit:) se aliou a uma raça qualquer alíenígena, suficientemente forte, para conseguir controlar as vontades de grande parte da população?
Será que há um grande "Arquitecto"?
´[/quote]

Não sei, essa é uma pergunta que faria sentido colocar ao criador, se vier a encontrar-me com ele prometo indagar. A “natureza humana”, que acaba por estar implícita no que escreveste neste parágrafo, não serve como argumento para nada, já que nem sequer as teorias mais avançadas em psicologia, psiquiatria ou sociologia se pronunciam sobre ela. Cientificamente, assume-se que nem sequer existe. Concordo com essa definição. Mesmo assim é possível falar em “condição humana” que tem um significado em termos cognitivos completamente distinto, pode servir para fixar objectivos mas nunca fixa limites. Acho que adoptaste uma abordagem teleológica em relação à humanidade e ao seu futuro sem uma base suficientemente sólida. Penso que contém um obstáculo “naturalista” muito importante e que emana do contacto localizado e imediato com aspectos particulares da realidade. Mas, se eventualmente tiveres razão a esse respeito (e acredita que eu ADMITO que possas ter) e o egoísmo, o individualismo, a desigualdade e as injustiças forem o máximo razoável a ser atingido pelos seres humanos então penso que deveríamos todos suicidar-nos por uma questão de dignidade. Por enquanto, ainda acredito que os seres humanos são capazes de muito mais (e de muito menos, também). Sem dúvida que aconteceram importantes transformações na Europa de leste onde, na maioria dos casos (e não estou a DEFENDER nem ACUSAR ninguém) aumentou em larga escala a pobreza, a corrupção e o crime organizado (embora no antigo modelo houvesse outro tipo de organizações criminosas, com isso, concordo), por outro lado também desceu em flecha a esperança média de vida e os indicadores médios de nível de vida. Virtudes do liberalismo económico, suponho (agora sim estou a acusar).

Arnage está no meu imaginário porque foi nesse local que ultrapassei o Vítor Enes e o meu colega de equipa, Hugo Grilo, para uma épica (e, até agora, única) vitória em Le mans. :D

Os atentados às liberdades que sofremos no ocidente, por enquanto, não são ainda sequer uma pequena fracção dos que aconteceram nos países do antigo bloco de leste, mas acompanho-te nessa preocupação.

ArrayOu será que a Sociedade, defendida pelo Socialista (e ingénuo, diria eu) Rousseau como sendo podre, corrompe o Homem, obrigando-o a consumir tudo o que o vizinho já tem, ou vai ter? Bah, vamos-nos deixar de materialismos. :biggrinbandit::biggrinbandit:
Mas antes há que ganhar para uma casa grande com garagem... E de preferência com um Turismo a Diesel com muitos cavalos (para poder puxar 1800 kg de metal, ar condicionado, computadores xpto, etc). E, na casa grande, arranjar um simconmotion, 3 ecrãs e um volante e pedais da frex para completar o ramalhete.
Depois há que encher o guarda-fatos de....fatos de $1000 da Hugo Boss, polos de $100 da Fred Perry, sapatilhas de $90 da Puma...
E claro, gastar $400 num iPhone, depois de já se ter gasto $350 num iPod e $450 num BlackBerry
....[/quote]

Bem, Rousseau não foi socialista nenhum, quanto muito, foi um antecessor do socialismo, ou um seu percursor, mas penso que nem isso, na minha humilde opinião. É natural que as suas concepções anti-científicas e, acima de tudo, moralizadoras em relação à ciência e às sociedades (chegando mesmo a defender ideias de regressão tecnológica, pelo seu efeito "disruptor") hoje nos pareçam pueris, mas é preciso notar que são ideias elucubradas no século XVIII. Entretanto ganhámos acesso a informação que não existia nessa altura. O materialismo é uma realidade inevitável para todos os seres humanos, na medida em que vivemos num universo físico as necessidades materiais são-nos imanentes, essa ideia não é minimamente contraditória com qualquer sistema diferente do capitalista. Os valores do individualismo que são inculcados estrategicamente nas sociedades e que levam ao sistema ultra-competitivo, desigual e insalubre que conhecemos hoje e que descreveste é que são, sim, deliberadamente estimulados pela lógica neo-liberalista, mas não vejo isso como “corromper” os seres humanos, não vejo o mundo em termos de “puro” ou “impuro” ou de “bom” e “mau”.

ArrayNão sei, lá para os 70 anos, acho que me posso libertar dos materialismos.:lol2:[/quote]

Com tanta poeira das rodas de trás dos outros carros a entrar no organismo, achas que lá chegas? :D

Kidding.

Bater na madeira.
[Image: celeritas_sig.png]
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#23
ArrayPenso que dizer que estive, nos dois posts anteriores, a “defender” a RDA corresponde a uma manipulação absolutamente grosseira do que foi dito. Falou-se primitivamente em espionagem e limitei-me a esclarecer, segundo as informações que tenho, as dimensões e alcance da espionagem que existia na Alemanha de leste e comparei-a com fenómenos análogos que aconteceram e acontecem no resto do mundo. Essa comparação era absolutamente relevante para o que estivemos a discutir. Isso é “defender” a RDA? Penso se trata apenas de uma atitude de rigor, esclarecimento e equilíbrio em relação à compreensão da realidade. Qualquer coisa que seja diferente de uma perspectiva ciclópica corresponde a defender algum sistema em particular? A melhor forma de defender toda a humanidade é através da verdade, não da manipulação ou preconceito. Convém ter noção da composição relativa de cada variável em relação às outras em vez de nos deixarmos limitar por meras figuras de estilo que podem ser enganadoras e transmitir versões adulteradas da realidade.[/quote]

OK, peço desculpa, mas foi o que fui levado a entender nos teus anteriores posts e se calhar valorizei demasiado:

ArrayQualquer americano ou europeu, hoje, fora do contexto da guerra fria, tem os movimentos muito mais controlados do que um cidadão do outro lado da cortina de ferro durante a guerra fria, apenas os métodos mudaram[/quote]

O que para mim está longe de se revelar verdadeiro (embora as máquinas fiscais, nos dias de hoje, têm um poder muito maior de vigilância, o que por si só não é nenhum atentado :lol2:) e me pareceu que estavas a "sacudir água do capote".


ArrayPenso também que não “desvalorizei” de forma alguma as opiniões dos teus amigos alemães. O que disse (e penso que fui claro) foi que a nacionalidade não dá nem tira razão a uma pessoa. Neste contexto, a nacionalidade não é argumento que sirva para validar o que quer que seja. Da mesma maneira que há alemães com a opinião que citaste há, igualmente, alemães com opiniões localizadas nos antípodas dessa. Eu próprio conheço alguns desses alemães.[/quote]

Terão visões políticas semelhantes às tuas? (piada fácil:23:).

Mas como é lógico, quem fala em nacionalidade, falará noutra coisa qualquer. Um cientista sabe mais do que eu de ciências, mesmo se estas estão no domínio da opinião. Tal como um economista te saberá explicar facilmente o movimento dos mercados financeiros e te explicará a razão para a volatilidade recente nestes. É claro que será sempre uma opinião, até porque a construção de um modelo científico mais não é que um exercício académico de elevada complexidade (lá está, depende do corportamento Humano, aquele que nenhum psicólogo ou sociólogo conseguirá explicar por simples modelos científicos, pela simples razão de não sermos feitos por 0s e 1s).


ArrayA “natureza humana”, que acaba por estar implícita no que escreveste neste parágrafo, não serve como argumento para nada, já que nem sequer as teorias mais avançadas em psicologia, psiquiatria ou sociologia se pronunciam sobre ela. Cientificamente, assume-se que nem sequer existe. Concordo com essa definição.[/quote]

Desculpa, não existe "natureza humana"??? :wondering::wondering: Então explica-me uma coisa, se souberes resolver isto:

Tens 2 prisioneiros que trabalhavam em conjunto, não existindo contacto entre eles. Se nenhum confessar o crime porque estão acusados, os dois são libertados.
No entanto, se um deles confessar e o outro ficar calado, o que confessar apanha 2 anos de cadeia e o que ficar calado apanha com 20 anos. Finalmente, se ambos confessarem o crime, ficam 8 anos na cadeia.

Para ti, qual será o resultado deste jogo? E o equilíbrio, não será o resultado da "natureza humana"?


ArrayMesmo assim é possível falar em “condição humana” que tem um significado em termos cognitivos completamente distinto, pode servir para fixar objectivos mas nunca fixa limites. Acho que adoptaste uma abordagem teleológica em relação à humanidade e ao seu futuro sem uma base suficientemente sólida. Penso que contém um obstáculo “naturalista” muito importante e que emana do contacto localizado e imediato com aspectos particulares da realidade. Mas, se eventualmente tiveres razão a esse respeito (e acredita que eu ADMITO que possas ter) e o egoísmo, o individualismo, a desigualdade e as injustiças forem o máximo razoável a ser atingido pelos seres humanos então penso que deveríamos todos suicidar-nos por uma questão de dignidade.[/quote]

É o que fazem aquelas seitas americanas malucas (seguramente, deverá ser alguma partida feita pela Arquitecto para avaliar a nossa compreensão relativamente a esses acontecimentos :biggrinbandit::biggrinbandit:)... Excepto que alguns, no final, ficam apenas a ver os outros a morrer :biggrinbandit:E esses são normalmente aqueles que iniciaram a seita :biggrinbandit:(por um lado o egoísmo a funcionar - o que não se mata, mas instiga os outros a morrerem -, por outro lado, a estupidez flagrante - são instigados a morrer, sem terem a certeza que o iniciador do culto se suicide com eles).

Mas já que os teus conhecimentos são maiores que os meus neste campo, deixo-te esta questão:

O animal, esse ser vivo complexo, tem como objectivo principal sobreviver (no caso das fêmeas, também tentam proteger as crias).
E como será o Homem? Por mais racional que seja, será que o Homem também não é assim?

E por outro lado, a sobrevivência do homem também não foi o resultado da heterogeneidade do "animal", tornando-o mais resistente em caso de catástrofes? Isso não se deverá também a uma "condição humana" que, de certa forma, nos é impingido pelo nosso código genético, que para o pior e o melhor, ainda tem muito código de quando ainda eramos peixinhos unicelulares a viver no mar?


ArrayPor enquanto, ainda acredito que os seres humanos são capazes de muito mais (e de muito menos, também). Sem dúvida que aconteceram importantes transformações na Europa de leste onde, na maioria dos casos (e não estou a DEFENDER nem ACUSAR ninguém) aumentou em larga escala a pobreza, a corrupção e o crime organizado (embora no antigo modelo houvesse outro tipo de organizações criminosas, com isso, concordo), por outro lado também desceu em flecha a esperança média de vida e os indicadores médios de nível de vida. Virtudes do liberalismo económico, suponho (agora sim estou a acusar).[/quote]

Virtudes do liberalismo económico? Sem dúvida. E porquê? Porque o Homem é mau, razão pela qual o comunismo nunca existiu (o Marx esqueceu-se que não eram só os capitalistas que exploram o próximo, porque de, uma maneira geral (já sei que vais falar no modelo social nórdico, mas até devemos a flexi-segurança à Dinamarca), somos muito pouco altruístas, nem que seja pelo facto de eu não conhecer ninguém que não ande de carro - tendo dinheiro para isso - só porque polui (logo, violando a liberdade dos outros - que não andam de carro).

Massssss, tsss tssssss, alguém vai-te dizer que no longo-prazo (continuo sem saber muito bem o que isto é, até porque na economia, apenas sei que os ciclos económicos recentes foram de 9 anos :embarrest:), esses países serão mais ricos e todos ficarão melhor...

(o que também não limpa o facto de milhares de seres vivos terem sido mortos, devido à irresponsabilidade grosseira de alguns tecnocratas quererem produzir energia barata, sem o mínimo de condições de segurança... capitalismo e socialismo, a face da mesma moeda :noworry:)


ArrayOs atentados às liberdades que sofremos no ocidente, por enquanto, não são ainda sequer uma pequena fracção dos que aconteceram nos países do antigo bloco de leste, mas acompanho-te nessa preocupação.
Bem, Rousseau não foi socialista nenhum, quanto muito, foi um antecessor do socialismo, ou um seu percursor, mas penso que nem isso, na minha humilde opinião. É natural que as suas concepções anti-científicas e, acima de tudo, moralizadoras em relação à ciência e às sociedades (chegando mesmo a defender ideias de regressão tecnológica, pelo seu efeito "disruptor") hoje nos pareçam pueris, mas é preciso notar que são ideias elucubradas no século XVIII. Entretanto ganhámos acesso a informação que não existia nessa altura. O materialismo é uma realidade inevitável para todos os seres humanos, na medida em que vivemos num universo físico as necessidades materiais são-nos imanentes, essa ideia não é minimamente contraditória com qualquer sistema diferente do capitalista.[/quote]


Socialista ou não (ok, prontos, proto-socialista, mas até esta definição, tal como todas as outras, num plano académico, serão apenas redutoras), estava errado no ponto sobre o Homem. Ou melhor, nem é bem "errado". Porque para existir um "errado", tem de existir um "certo". Ora, na natureza, não há nenhum "certo" na minha opinião. Nem pode haver. O que é "certo" ontem (tomar ecstacy para combater a obesidade e a depressão), já não o é hoje. Tal como amanhã tomar prozacs, ir ver as 24 horas de Le Mans, comer presunto de pata negra, ir as put... será visto como "errado" (será que já não o é? :rolleyes:)



ArrayOs valores do individualismo que são inculcados estrategicamente nas sociedades e que levam ao sistema ultra-competitivo, desigual e insalubre que conhecemos hoje e que descreveste é que são, sim, deliberadamente estimulados pela lógica neo-liberalista, mas não vejo isso como “corromper” os seres humanos, não vejo o mundo em termos de “puro” ou “impuro” ou de “bom” e “mau”.[/quote]

Então porque dizes que é um sistema desigual e insalubre? Porque o Homem é assim? (já disse que não concordo com o Rousseau, o Homem é "mau" por natureza, ou melhor, nem é que seja mau, é como é e prontosssssse). Porque a Natureza (que recompensa os fortes e castiga os fracos) também o é?

E claro, com o desenvolver do tempo, a própria definição de "forte" e "fraco" mudou. Assim o Homo Primitibys nunca sobreviveria num mundo como o nosso, tal como o Homo Modernus também não sobreviveria nos tempos em que o Homem lutava com os dinossauros.


ArrayArnage está no meu imaginário porque foi nesse local que ultrapassei o Vítor Enes e o meu colega de equipa, Hugo Grilo, para uma épica (e, até agora, única) vitória em Le mans. :D[/quote]

E deixaram-te passar? :biggrinbandit::biggrinbandit::biggrinbandit:Cá para mim, corrompeste-os antes da corrida. :rolleyes::rolleyes:


ArrayCom tanta poeira das rodas de trás dos outros carros a entrar no organismo, achas que lá chegas? :D[/quote]

Poeira poeira, nem diria isso, que as nossas estradas não se assemelham à estradas soviéticas (ou as estradas na finlândia :biggrinbandit:).

Agora se fôr da poluição dos canos de escape... ou do sal na comida :wondering::wondering::wondering::wondering:

(como se o meu objectivo fosse atingir determinado patamar de idade. Eu cá diria que será atingir determinado nível de bem-estar... que invariavelmente dependerá do nível de materialismo que deterei).

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#24
ArrayOK, peço desculpa, mas foi o que fui levado a entender nos teus anteriores posts e se calhar valorizei demasiado:
O que para mim está longe de se revelar verdadeiro (embora as máquinas fiscais, nos dias de hoje, têm um poder muito maior de vigilância, o que por si só não é nenhum atentado :lol2:) e me pareceu que estavas a "sacudir água do capote".[/quote]

Bem, Gil, esse capote, felizmente não é meu. Como já disse no outro "célebre" post da Venezuela, não estou comprometido com governo, sistema, partido ou organização alguma. Se há coisa que nunca faço (ou tento nunca fazer) é distorcer a verdade de modo a ajustá-la a uma ideia que esteja a tentar transmitir. Limito-me a dizer o que penso tal como tu fazes. A melhor coisa que aconteceu ao pacto de Varsóvia foi ter acabado e, sobre isso, não tenho renitência alguma. Defendo também, claro, que a melhor coisa que poderia acontecer à NATO seria a extinção. Uso o pacto de Varsóvia e a NATO com objectivos metafóricos, claro.

ArrayTerão visões políticas semelhantes às tuas? (piada fácil:23:).[/quote]

A piada é fácil, mas verdadeira, a resposta é sim.
lol

ArrayMas como é lógico, quem fala em nacionalidade, falará noutra coisa qualquer. Um cientista sabe mais do que eu de ciências, mesmo se estas estão no domínio da opinião. Tal como um economista te saberá explicar facilmente o movimento dos mercados financeiros e te explicará a razão para a volatilidade recente nestes. É claro que será sempre uma opinião, até porque a construção de um modelo científico mais não é que um exercício académico de elevada complexidade (lá está, depende do corportamento Humano, aquele que nenhum psicólogo ou sociólogo conseguirá explicar por simples modelos científicos, pela simples razão de não sermos feitos por 0s e 1s).[/quote]

A economia é uma ciência como qualquer outra e subordinada às mesmas normas e critérios de todas as outras, claro que a finalidade da nossa troca de ideias não é uma reflexão académica sobre ciência, mas uma coisa importante da qual falaste tacitamente no que escreveste foi a subjectividade do investigador, que está especialmente presente (embora não somente) nas ciências sociais. Mas está longe de formar uma barreira inexpugnável. O movimento dos mercados explica-se não pelas mesmas regras mas seguindo a mesma dialéctica que é usada para explicar (ou tentar compreender) as transformações sociais ou fenómenos de electro - magnetismo. Um modelo científico não se refere apenas a uma lógica booleana do tipo 0/1, pelo contrário, lida com o campo subjectivo interpelando-o objectivamente, através de uma relação de conceitos, dimensões, indicadores, etc. que são integrados dentro de um sistema lógico (complexo, claro), multidimensional onde se avaliam as relações recíprocas de todas as variáveis umas com as outras, digamos que qualquer aproximação científica terá de ser holística.
ArrayDesculpa, não existe "natureza humana"??? :wondering::wondering: Então explica-me uma coisa, se souberes resolver isto:

Tens 2 prisioneiros que trabalhavam em conjunto, não existindo contacto entre eles. Se nenhum confessar o crime porque estão acusados, os dois são libertados.
No entanto, se um deles confessar e o outro ficar calado, o que confessar apanha 2 anos de cadeia e o que ficar calado apanha com 20 anos. Finalmente, se ambos confessarem o crime, ficam 8 anos na cadeia.

Para ti, qual será o resultado deste jogo? E o equilíbrio, não será o resultado da "natureza humana"?[/quote]

Existem vários resultados possíveis, nenhum deles depende de uma "natureza humana" (este conceito só existe no senso comum), varia sobretudo com a personalidade de cada um desses indivíduos, cuja construção está intimamente ligada aos processos de socialização (embora não se circunscrevendo a eles). A relação desses dois indivíduos um com o outro seria rigorosamente determinante para esse resultado, não apenas isso como também as representações de cada um sobre o significado da confissão e consequências para ele e para o outro indivíduo, o conteúdo simbólico imbuído na ideia de cumprir uma pena de prisão também seria importante assim como o tipo de crime que tinham cometido e as motivações com que o cometeram. Imagina, poderiam ser políticas, o que baralharia bastante o quadro de análise. No fundo, tudo é relativo. Imagino que o resultado que consideras mais provável (assim como eu) fosse um dos indivíduos acabar a cumprir dois anos e o outro vinte anos, mas isso não nos diz nada nem sugere uma natureza humana, mostraria apenas uma tendência.

ArrayÉ o que fazem aquelas seitas americanas malucas (seguramente, deverá ser alguma partida feita pela Arquitecto para avaliar a nossa compreensão relativamente a esses acontecimentos :biggrinbandit::biggrinbandit:)... Excepto que alguns, no final, ficam apenas a ver os outros a morrer :biggrinbandit:E esses são normalmente aqueles que iniciaram a seita :biggrinbandit:(por um lado o egoísmo a funcionar - o que não se mata, mas instiga os outros a morrerem -, por outro lado, a estupidez flagrante - são instigados a morrer, sem terem a certeza que o iniciador do culto se suicide com eles).

Mas já que os teus conhecimentos são maiores que os meus neste campo, deixo-te esta questão:

O animal, esse ser vivo complexo, tem como objectivo principal sobreviver (no caso das fêmeas, também tentam proteger as crias).
E como será o Homem? Por mais racional que seja, será que o Homem também não é assim?[/quote]

Bem, não sou nenhuma autoridade na matéria, mas vou tentar responder segundo o que sei.

Questão importante a que colocaste, praticamente tudo o que conhecemos sobre os seres humanos mostra-nos que as coisas não funcionam de acordo com o mesmos mecanismos que observamos em muitas espécies animais. Por exemplo, disseste que, nos seres humanos, existe um "instinto natural" (isso que disseste, epistemologicamente, chama-se "obstáculo naturalista") das "fêmeas" para proteger a integridade física e a vida do seus filhos. Esse "instinto" pode encontrar-se em qualquer pessoa, homens e mulheres ou em nenhuma delas, varia segundo o contexto cultural. Por exemplo, uma antropóloga chamada Margaret Mead fez um estudo científico em que observou três tribos diferentes em Samoa e encontrou atitudes completamente opostas em relação aos papeis sociais. Numa delas, as mulheres ocupavam as posições mais proeminentes dentro dessa cultura enquanto que os homens, regra geral, tinham baixa auto-estima, manifestavam comportamentos neuróticos e ocupavam-se, sobretudo, das tarefas domésticas e com a educação dos filhos, sendo eles que davam provimento às suas necessidades. Em outra tribo acontecia o inverso e, na terceira, havia alguma igualdade entre os papéis e expectativa sociais (gostei particularmente desta, claro). Podes colocar as coisas em outros termos mais pragmáticos e minimalistas, por exemplo: "uma mãe leva o filho ao colo e, ao ver que vai se atropelada pelo comboio, protege o filho com o corpo, não é isso a natureza humana"? A minha resposta seria que isso depende do valor dado pela mãe à vida do filho, que não é igual em todo o lado nem de forma alguma absoluto. Em muitos casos que já foram observados em muitos sítios, há mães que através de actos culturalmente e socialmente confirmados e incentivados, cessam a vida dos seus filhos. Mesmo assim, como explicaríamos os progenitores que assassinam os filhos? Pessoas sem "natureza humana"?

ArrayE por outro lado, a sobrevivência do homem também não foi o resultado da heterogeneidade do "animal", tornando-o mais resistente em caso de catástrofes? Isso não se deverá também a uma "condição humana" que, de certa forma, nos é impingido pelo nosso código genético, que para o pior e o melhor, ainda tem muito código de quando ainda eramos peixinhos unicelulares a viver no mar?
Virtudes do liberalismo económico? Sem dúvida. E porquê? Porque o Homem é mau, razão pela qual o comunismo nunca existiu (o Marx esqueceu-se que não eram só os capitalistas que exploram o próximo, porque de, uma maneira geral (já sei que vais falar no modelo social nórdico, mas até devemos a flexi-segurança à Dinamarca), somos muito pouco altruístas, nem que seja pelo facto de eu não conhecer ninguém que não ande de carro - tendo dinheiro para isso - só porque polui (logo, violando a liberdade dos outros - que não andam de carro).[/quote]

Vou dizer-te como vejo a dialéctica entre o nosso organismo e o meio envolvente. Há duas coisas que estudei em profundidade em resultado do meu percurso académico (que é irrelevante para a conversa mas no qual tem sentido falar apenas para justificar a origem dessa opinião). Uma delas foi biologia e genética, a outra, como já falámos antes, Sociologia. Uma súmula do que penso será que os seres humanos recebem uma programação fundamental que é configurada geneticamente (contém a herança dos peixinhos e protozoários que falaste), é essa programação que define as nossas reacções a estímulos elementares (que, no seu conjunto, assumem complexidade infinita) como se nos tratássemos de um computador. Os estímulos do meio funcionaram como os dados que são introduzidos dentro desse algoritmo que irão produzir reacções (não necessariamente manifestações inteligíveis) que vão influenciar reciprocamente todos os outros indivíduos. Não existe (e isto sou eu a falar) um primado significativo entre cada componente, os dados são tão importantes como o programa, é por esse motivo que penso ser impreciso ou incorrecto, cientificamente, falar em "natureza humana". No fundo, tudo o que pensamos, consiste em processos fisiológicos. Ao contrário dos outros animais, somos sistemas abertos onde as relações com o meio ambiente são determinantes, no caso dos animais, as possibilidades são mais limitadas.

Bem, eu não tenho carro e poderia facilmente ter um, a poluição é um factor muito relevante para essa minha escolha. A minha cônjuge, por exemplo, tem carro mas não o usa sempre que tem outras alternativas, por causa da poluição. Quem ler isto pode estar a pensar "ya, parabéns...", mas digo isto apenas porque tenho poucos exemplos para citar, embora não culpe a "natureza humana" por isso. Não penso que sejamos "maus" penso que somos "nada", somos um sistema multifacetado e complexo de estruturas que podem ser preenchidas de formas infinitas e tanto podemos ser "bons" como "maus".

ArrayMassssss, tsss tssssss, alguém vai-te dizer que no longo-prazo (continuo sem saber muito bem o que isto é, até porque na economia, apenas sei que os ciclos económicos recentes foram de 9 anos :embarrest:), esses países serão mais ricos e todos ficarão melhor...

(o que também não limpa o facto de milhares de seres vivos terem sido mortos, devido à irresponsabilidade grosseira de alguns tecnocratas quererem produzir energia barata, sem o mínimo de condições de segurança... capitalismo e socialismo, a face da mesma moeda :noworry:)
Socialista ou não (ok, prontos, proto-socialista, mas até esta definição, tal como todas as outras, num plano académico, serão apenas redutoras), estava errado no ponto sobre o Homem. Ou melhor, nem é bem "errado". Porque para existir um "errado", tem de existir um "certo". Ora, na natureza, não há nenhum "certo" na minha opinião. Nem pode haver. O que é "certo" ontem (tomar ecstacy para combater a obesidade e a depressão), já não o é hoje. Tal como amanhã tomar prozacs, ir ver as 24 horas de Le Mans, comer presunto de pata negra, ir as put... será visto como "errado" (será que já não o é? :rolleyes:)[/quote]

Com isto, concordo, não há certo nem errado nem "natural" ou "anti-natural", as coisas têm um carácter processual, tal como a evolução dos seres humanos e da personalidade de cada pessoa. Tudo são transformações.

ArrayEntão porque dizes que é um sistema desigual e insalubre? Porque o Homem é assim? (já disse que não concordo com o Rousseau, o Homem é "mau" por natureza, ou melhor, nem é que seja mau, é como é e prontosssssse). Porque a Natureza (que recompensa os fortes e castiga os fracos) também o é?

E claro, com o desenvolver do tempo, a própria definição de "forte" e "fraco" mudou. Assim o Homo Primitibys nunca sobreviveria num mundo como o nosso, tal como o Homo Modernus também não sobreviveria nos tempos em que o Homem lutava com os dinossauros.[/quote]

Bem, em termos de Neo-Darwinismo, sobre a evolução das espécies, não chega a haver conceito algum de "forte" e "fraco", mas sim de "adaptação". "Evolução" deve ter sido um dos termos mais infelizes para descrever uma teoria científica, já que as espécies não evoluem no sentido moral, teológico ou teleológico, do pior para o melhor, simplesmente mudam de acordo com as pressões selectivas e adaptam-se independentemente da sua "vontade". Penso que o sistema é "insalubre", porque, quando defendo um modelo para as sociedades refiro-me às minhas próprias noções subjectivas sobre justo e injusto, certo ou errado, bom ou mau, a sistemática científica e "amoral" da ciência não substitui todas as dimensões que formam um indivíduo, gostaria de poder usar a ciência de forma a fazer a sociedade progredir no sentido dos meus princípios e valores em articulação com os princípios e ideias de todos os outros.

Dinossauros? Os dinossauros desapareceram no Mesozoico, os humanos apareceram no Cenozóico. Mas mamutes não devia faltar. :D "Mamute racing"... era um bom nome.



ArrayE deixaram-te passar? :biggrinbandit::biggrinbandit::biggrinbandit:Cá para mim, corrompeste-os antes da corrida. :rolleyes::rolleyes:[/quote]

Bateram um contra o outro, o Vítor apareceu por trás de mim como uma bala e acertou no Hugo. :D

ArrayPoeira poeira, nem diria isso, que as nossas estradas não se assemelham à estradas soviéticas (ou as estradas na finlândia :biggrinbandit:).

Agora se fôr da poluição dos canos de escape... ou do sal na comida :wondering::wondering::wondering::wondering:

(como se o meu objectivo fosse atingir determinado patamar de idade. Eu cá diria que será atingir determinado nível de bem-estar... que invariavelmente dependerá do nível de materialismo que deterei).[/quote]

Na união soviética não eram necessárias estradas, com a consciência tão leve o povo levitava. :mrgreen:

Não devia ter dito isto, dá para fazer demasiados trocadilhos. Bolsos leves, etc.
lol
[Image: celeritas_sig.png]
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#25
ArrayA economia é uma ciência como qualquer outra e subordinada às mesmas normas e critérios de todas as outras, claro que a finalidade da nossa troca de ideias não é uma reflexão académica sobre ciência, mas uma coisa importante da qual falaste tacitamente no que escreveste foi a subjectividade do investigador, que está especialmente presente (embora não somente) nas ciências sociais. Mas está longe de formar uma barreira inexpugnável. O movimento dos mercados explica-se não pelas mesmas regras mas seguindo a mesma dialéctica que é usada para explicar (ou tentar compreender) as transformações sociais ou fenómenos de electro - magnetismo. Um modelo científico não se refere apenas a uma lógica booleana do tipo 0/1, pelo contrário, lida com o campo subjectivo interpelando objectivamente, através de uma relação de conceitos, dimensões, indicadores, etc. que são integrados dentro de um sistema lógico (complexo, claro), multidimensional onde se avaliam as relações recíprocas de todas as variáveis umas com as outras, digamos que qualquer aproximação científica terá de ser holística.[/quote]

Pois, mas não, não pode, nem é assim tão simples. Será que a volatilidade é o resultado dos problemas provocados pelo mercado de subprime americano? Porque a economia está fraca? Porque os mercados estão muito aquecidos e tem de existir uma correcção? Há alguém a "controlar" o mercado, por forma a poder comprar umas acções mais baratas? (aqui é que já não me parece)
Pior, Portugal viveu (vive?) vários anos de contracção económica, aliada a inflação elevada. A chamada estagflação. Este fenómeno, até à bem pouco tempo era uma "inverdade" (não confundir com o eufemismo da palavra mentira) nos meandros económicos, porque era tomado como "certo" que a estagnação do crescimento económico resultava em deflação (vide a Alemanha em 2003 e 2004, ou pior, o Japão nos últimos 10 anos!).
A verdade é que não se consegue, porque existe sempre um factor de incerteza... (é como certo tipo de equações, que no limite, chegarão a certo valor, embora o limite seja o infinito - ora aqui está um paradoxo do catano :biggrinbandit:). E, por mais que te aproximes, terás sempre um mundo do subjectivo que nunca conseguirás explicar objectivamente.(vou-me já contradizer abaixo)


ArrayExistem vários resultados possíveis, nenhum deles depende de uma "natureza humana" (este conceito só existe no senso comum), varia sobretudo com a personalidade de cada um desses indivíduos, cuja construção está intimamente ligada aos processos de socialização (embora não se circunscrevendo a eles). A relação desses dois indivíduos um com o outro seria rigorosamente determinante para esse resultado, não apenas isso como também as representações de cada um sobre o significado da confissão e consequências para ele e para o outro indivíduo, o conteúdo simbólico imbuído na ideia de cumprir uma pena de prisão também seria importante assim como o tipo de crime que tinham cometido e as motivações com que o cometeram. Imagina, poderiam ser políticas, o que baralharia bastante o quadro de análise. No fundo, tudo é relativo. Imagino que o resultado que consideras mais provável (assim como eu) fosse um dos indivíduos acabar a cumprir dois anos e o outro vinte anos, mas isso não nos diz nada nem sugere uma natureza humana, mostraria apenas uma tendência.[/quote]

Pois, aposto que em 100 jogos desses, com 2 indivíduos diferentes de cada vez, terás 99 resultados iguais: os dois irão cumprir 8 anos de cadeia, porque os dois estão naturalmente constrangidos a tentarem lixar o parceiro, não serem lixados pelo parceiro, ou as 2 coisas (piiiiiiiiiiiiiiiiimmmmm chumbaste a Teoria dos Jogos:23:). Mas se o jogo for repetido 10 vezes, pelos mesmos 2 indivíduos (sem nenhum tipo de contacto entre eles), o equilíbrio poderá significar que ficam os dois na rua:23:

ArrayBem, não sou nenhuma autoridade na matéria, mas vou tentar responder segundo o que sei.

Questão importante a que colocaste, praticamente tudo o que conhecemos sobre os seres humanos mostra-nos que as coisas não funcionam de acordo com o mesmos mecanismos que observamos em muitas espécies animais. Por exemplo, disseste que, nos seres humanos, existe um "instinto natural" (isso que disseste, epistemologicamente, chama-se "obstáculo naturalista") das "fêmeas" para proteger a integridade física e a vida do seus filhos. Esse "instinto" pode encontrar-se em qualquer pessoa, homens e mulheres ou em nenhuma delas, varia segundo o contexto cultural, Por exemplo, uma antropóloga chamada Margaret Mead fez um estudo científico em que observou três tribos diferentes em Samoa e encontrou atitudes completamente opostas em relação aos papeis sociais. Numa delas, as mulheres ocupavam as posições mais proeminentes dentro dessa cultura enquanto que os homens, regra geral, tinham baixa auto-estima, manifestavam comportamentos neuróticos e ocupavam-se, sobretudo, das tarefas domésticas e com a educação dos filhos, sendo eles que davam provimento às suas necessidades. Em outra tribo acontecia o inverso e, na terceira, havia alguma igualdade entre os papéis e expectativa sociais (gostei particularmente desta, claro). Podes colocar as coisas em outros termos mais pragmáticos e minimalistas, por exemplo: "uma mãe leva o filho ao colo e, ao ver que vai se atropelada pelo comboio, protege o filho com o corpo, não é isso a natureza humana"? A minha resposta seria que isso depende do valor dado pela mãe à vida do filho, que não é igual em todo o lado nem de forma alguma absoluto. Em muitos casos que já foram observados em muitos sítios, há mães que através de actos culturalmente e socialmente confirmados e incentivados, cessam a vida dos seus filhos. Mesmo assim, como explicaríamos os progenitores que assassinam os filhos? Pessoas sem "natureza humana"?[/quote]

Lá está, será que a investigadora conseguiu explicar a razão para as diferenças entre as tribos? Ou melhor, será que existindo condições iguais entre essas tribos (e quem fala nessas tribos, fala no resto), irias ver os 3 tipos de comportamentos distintos que foram observados?

Tal e qual como as mães...

E, como é lógico, não existe uma só ramificação humana. Nem poderia haver. Senão, já estávamos extintos à muito.

Mas também é natural que a sociedade exerça alguma pressão para nos comportarmos de certa maneira. Só que isso não vai de encontro com os comportamentos desviantes (de modo algum usado em termos perjurativos) que existem em todo o lado, até na ex-URSS (lá estou eu com as piadas:23:)



ArrayVou dizer-te como vejo a dialéctica entre o nosso organismo e o meio envolvente. Há duas coisas que estudei em profundidade em resultado do meu percurso académico (que é irrelevante para a conversa mas no qual tem sentido falar apenas para justificar a origem dessa opinião). Uma delas foi biologia e genética, a outra, como já falámos antes, Sociologia. Uma súmula do que penso será que os seres humanos recebem uma programação fundamental que é configurada geneticamente (contém a herança dos peixinhos e protozoários que falaste), é essa programação que define as nossas reacções a estímulos elementares (que, no seu conjunto, assumem complexidade infinita) como se nos tratássemos de um computador. Os estímulos do meio funcionaram como os dados que são introduzidos dentro desse algoritmo que irão produzir reacções (não necessariamente manifestações inteligíveis) que vão influenciar reciprocamente todos os outros indivíduos. Não existe (e isto sou eu a falar) um primado significativo entre cada componente, os dados são tão importantes como o programa, é por esse motivo que penso ser impreciso ou incorrecto, cientificamente, falar em "natureza humana". No fundo, tudo o que pensamos, consiste em processos fisiológicos. Ao contrário dos outros animais, somos sistemas abertos onde as relações com o meio ambiente são determinantes, no caso dos animais, as possibilidades são mais limitadas.[/quote]

Embora concorde com maioria do que dizes, não concordo com a última afirmação. Ou melhor, o ser humano, devido às suas qualidades intelectuais, mais facilmente se poderá adaptar a novas condições. O que não quer dizer que em caso de destruição nuclear do mundo, quem fique a governar a Terra serão as baratas :biggrinbandit:

ArrayBem, eu não tenho carro e poderia facilmente ter um, a poluição é um factor muito relevante para essa minha escolha. A minha cônjuge, por exemplo, tem carro mas não o usa sempre que tem outras alternativas, por causa da poluição. Quem ler isto pode estar a pensar "ya, parabéns...", mas digo isto apenas porque tenho poucos exemplos para citar, embora não culpe a "natureza humana" por isso. Não penso que sejamos "maus" penso que somos "nada", somos um sistema multifacetado e complexo de estruturas que podem ser preenchidas de formas infinitas e tanto podemos ser "bons" como "maus".
Com isto, concordo, não há certo nem errado nem "natural" ou "anti-natural", as coisas têm um carácter processual, tal como a evolução dos seres humanos e da personalidade de cada pessoa. Tudo são transformações.[/quote]

Mas será que não usas o carro porque fica mais caro que os transportes públicos ----> o custo-benefício de andar de carro (conforto) não será suficientemente alto para compensar um gasto maior em combustíveis? (claro está, a parte do custo não é subjectiva, mas a parte do benefício já o é:23:)

E se pagasses mais por andar de transportes públicos, SABENDO que o custo-sombra (ou seja, o custo económico, mais o custo da poluição) seria ainda assim superior ao custo dos transportes públicos, ainda utilizarias os mesmos transportes públicos? (não vale a pena responder porque não vou acreditar na tua resposta e, francamente, é um exercício demasiado académico, porque pouca ou nenhuma gente saberá qual é preço-sombra do uso dos combustíveis não renováveis, logo não é passível de ser confirmado a 100% cientificamente).

ArrayBem, em termos de Neo-Darwinismo, sobre a evolução das espécies, não chega a haver conceito algum de "forte" e "fraco", mas sim de "adaptação". "Evolução" deve ter sido um dos termos mais infelizes para descrever uma teoria científica, já que as espécies não evoluem no sentido moral, teológico ou teleológico, do pior para o melhor, simplesmente mudam de acordo com as pressões selectivas e adaptam-se independentemente da sua "vontade". Penso que o sistema é "insalubre", porque, quando defendo um modelo para as sociedades refiro-me às minhas próprias noções subjectivas sobre justo e injusto, certo ou errado, bom ou mau, a sistemática científica e "amoral" da ciência não substitui todas as dimensões que formam um indivíduo, gostaria de poder usar a ciência de forma a fazer a sociedade progredir no sentido dos meus princípios e valores em articulação com os princípios e ideias de todos os outros.[/quote]

"Forte"=adaptável
"Fraco"=inadaptável


ArrayDinossauros? Os dinossauros desapareceram no Mesozoico, os humanos apareceram no Cenozóico. Mas mamutes não devia faltar. :D "Mamute racing"... era um bom nome.[/quote]

Não me digas?! :embarrest::embarrest:Os Flinstones não existiram na realidade? :Kick_Can_emoticon::Kick_Can_emoticon:


ArrayNa união soviética não eram necessárias estradas, com a consciência tão leve o povo levitava. :mrgreen:

Não devia ter dito isto, dá para fazer demasiados trocadilhos. Bolsos leves, etc.
lol[/quote]

Não existiam estradas, para não serem necessários os checkpoints:lol:

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#26
Já li a tua resposta, como estou a escrever no telefone respondo quando estiver em casa, mas quero pedir desde já revisão de prova no teste dos interrogatórios. Assumi que a partir do momento em que a polícia obtivesse a primeira confissão deixaria de precisar da segunda e poderia dar-se ao luxo de condenar o retardatário a 20 anos. Seja como for, para chumbar realmente no teste terias de verificar na prática essa proporção. :D Amanhã já aqui escrevo qualquer coisa, agora estou em missão. :D
[Image: celeritas_sig.png]
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#27
ArrayPois, mas não, não pode, nem é assim tão simples. Será que a volatilidade é o resultado dos problemas provocados pelo mercado de subprime americano? Porque a economia está fraca? Porque os mercados estão muito aquecidos e tem de existir uma correcção? Há alguém a "controlar" o mercado, por forma a poder comprar umas acções mais baratas? (aqui é que já não me parece)
Pior, Portugal viveu (vive?) vários anos de contracção económica, aliada a inflação elevada. A chamada estagflação. Este fenómeno, até à bem pouco tempo era uma "inverdade" (não confundir com o eufemismo da palavra mentira) nos meandros económicos, porque era tomado como "certo" que a estagnação do crescimento económico resultava em deflação (vide a Alemanha em 2003 e 2004, ou pior, o Japão nos últimos 10 anos!).
A verdade é que não se consegue, porque existe sempre um factor de incerteza... (é como certo tipo de equações, que no limite, chegarão a certo valor, embora o limite seja o infinito - ora aqui está um paradoxo do catano :biggrinbandit:). E, por mais que te aproximes, terás sempre um mundo do subjectivo que nunca conseguirás explicar objectivamente.(vou-me já contradizer abaixo)[/quote]

Não disse que a metodologia científica é um processo simples, pelo contrário, é um processo extremamente complexo, caso contrário, já todos os problemas teriam sido resolvidos por eles próprios, bastaria seguir, deterministicamente, todas as etapas que levassem inevitavelmente à sua resolução. O objectivo da ciência é compreender e explicar a realidade, isso não implica impreterivelmente a omnisciência em relação ao futuro. Nenhum campo científico lida com certezas nem o objectivo é prever o futuro com exactidão. Nunca vi a ciência como elemento contraditório com a religião, pelo contrário, penso que é complementar, mas talvez seja esta a maior diferença entre uma coisa e outra, a persecução por verdades últimas, que não acontece em ciência. Todo o conhecimento científico é provisório e submetido a um permanente processo de falsificação, qualquer verdade tem sempre uma natureza meramente provisória e é assim que se assegura o avanço científico. Por exemplo, em sociologia, onde se estudam as interacções sociais, nunca são feitas antecipações dos movimentos sociais nem se lida com fins últimos, no máximo, medem-se probabilidades para os fenómenos. Nenhuma ciência é exacta, até mesmo a mecânica quântica explica a realidade em termos de probabilidades, nem sequer a física nos dá certezas. Os factores de "incerteza" que citaste não mudam o método científico que caracteriza todos os campos autónomos de ciência nem impedem que o pensamento científico seja aplicado com eficácia e resultados. A ciência é o princípio do conhecimento, não é o fim.

Bem, uma função ou uma sucessão pode tender infinitamente para um dado valor, isso não é um paradoxo, mas percebi a analogia.
lol

ArrayPois, aposto que em 100 jogos desses, com 2 indivíduos diferentes de cada vez, terás 99 resultados iguais: os dois irão cumprir 8 anos de cadeia, porque os dois estão naturalmente constrangidos a tentarem lixar o parceiro, não serem lixados pelo parceiro, ou as 2 coisas (piiiiiiiiiiiiiiiiimmmmm chumbaste a Teoria dos Jogos:23:). Mas se o jogo for repetido 10 vezes, pelos mesmos 2 indivíduos (sem nenhum tipo de contacto entre eles), o equilíbrio poderá significar que ficam os dois na rua:23:[/quote]

Isto já respondi no outro post.
lol


ArrayLá está, será que a investigadora conseguiu explicar a razão para as diferenças entre as tribos? Ou melhor, será que existindo condições iguais entre essas tribos (e quem fala nessas tribos, fala no resto), irias ver os 3 tipos de comportamentos distintos que foram observados?

Tal e qual como as mães...

E, como é lógico, não existe uma só ramificação humana. Nem poderia haver. Senão, já estávamos extintos à muito.[/quote]

Bem, então, neste caso, defendes que ao invés de existir uma natureza humana "absoluta" existe uma natureza humana que é igual para todos em função de cada situação. É impossível reproduzir condições absolutamente iguais, nem em física ou química é possível, quanto mais em sociologia ou antropologia, mas mesmo admitindo que fosse, penso que se observariam diferenças importantíssimas entre cada comunidade, já que cada uma delas seria composta por pessoas diferentes com predisposições, potencialidades e possibilidades radicalmente diferentes anexas, inclusive, à sua dimensão orgânica. Se se tratasse das mesmas pessoas em condições absolutamente iguais, bastaria uma diferença de uma fracção de segundo para originar, a longo prazo, diferenças abismais, pela acumulação de diferenças negligenciáveis e encadeamentos de eventos. É como pensar em duas rectas, uma delas com declive infinitesimal e a outra com declive 0, nos pontos perto da origem do referencial as rectas irão parecer sobrepostas (uma só) mas, à medida que avançamos no gráfico, torna-se evidente que se trata de duas rectas distintas. Nos processo sociais aconteceria o mesmo, nada seria igual.

ArrayMas também é natural que a sociedade exerça alguma pressão para nos comportarmos de certa maneira. Só que isso não vai de encontro com os comportamentos desviantes (de modo algum usado em termos perjurativos) que existem em todo o lado, até na ex-URSS (lá estou eu com as piadas:23:)
Embora concorde com maioria do que dizes, não concordo com a última afirmação. Ou melhor, o ser humano, devido às suas qualidades intelectuais, mais facilmente se poderá adaptar a novas condições. O que não quer dizer que em caso de destruição nuclear do mundo, quem fique a governar a Terra serão as baratas :biggrinbandit:[/quote]

As "qualidades intelectuais", ou seja, a consciência são uma adaptação circunstancial a pressões selectivas específicas, não somos mais nem menos adaptados do que qualquer outra espécie viva, a consciência poderia mesmo, em alguns contextos do meio, ser desvantajosa (na verdade acho que está a ser usada "fora de especificação", andamos todos em "overclock", mas isso é outra história). Os processos de selecção natural foram mesmo anulados em termos da espécie humana, com o controle das pressões selectivas e o predomínio dos cruzamentos ao acaso, entre outros factores. Qualquer outra "selecção" que exista, não terá significado em termos Darwinianos. Seja como for, na minha última frase, disse que os seres humanos são sistemas mais complexos do que os restantes animais (embora seja essa a única diferença), por isso o que disseste não corresponde ao contrário do que eu disse.

ArrayMas será que não usas o carro porque fica mais caro que os transportes públicos ----> o custo-benefício de andar de carro (conforto) não será suficientemente alto para compensar um gasto maior em combustíveis? (claro está, a parte do custo não é subjectiva, mas a parte do benefício já o é:23:)

E se pagasses mais por andar de transportes públicos, SABENDO que o custo-sombra (ou seja, o custo económico, mais o custo da poluição) seria ainda assim superior ao custo dos transportes públicos, ainda utilizarias os mesmos transportes públicos? (não vale a pena responder porque não vou acreditar na tua resposta e, francamente, é um exercício demasiado académico, porque pouca ou nenhuma gente saberá qual é preço-sombra do uso dos combustíveis não renováveis, logo não é passível de ser confirmado a 100% cientificamente).[/quote]

Tinha uma resposta para dar mas, se não queres uma resposta, não dou, mas assim nunca podes estar errado. Isso não será um pouco "obtuso"? (digo isto em forma de interrogação e como mote de reflexão, não o digo pejorativamente) Dizes que as pessoas são todas de uma dada forma, se alguém não for dessa maneira, então é porque está a fingir. É o mesmo que dizer "a teoria está sempre bem, se a realidade não se adaptar à teoria, então é a realidade que está mal".

Array"Forte"=adaptável
"Fraco"=inadaptável[/quote]

Não exactamente, penso que seria mais correcto dizer:

Forte = Adaptado
Fraco = Não adaptado

É uma mudança subtil, mas uma lida com potencialidades, a outra com o contexto pragmático imediato, que é o que interessa, já que não é possível prever as capacidades adaptativas de uma dada espécie visto que isso está dependente do tipo de mudança nas pressões selectivas.


ArrayNão me digas?! :embarrest::embarrest:Os Flinstones não existiram na realidade? :Kick_Can_emoticon::Kick_Can_emoticon:[/quote]

Tens razão, é como aqueles desenhos animados com animais que falam, qual é o sentido de tantas MENTIRAS? :cc_confused:
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