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Lembram-se do Lada?
#24
ArrayOK, peço desculpa, mas foi o que fui levado a entender nos teus anteriores posts e se calhar valorizei demasiado:
O que para mim está longe de se revelar verdadeiro (embora as máquinas fiscais, nos dias de hoje, têm um poder muito maior de vigilância, o que por si só não é nenhum atentado :lol2:) e me pareceu que estavas a "sacudir água do capote".[/quote]

Bem, Gil, esse capote, felizmente não é meu. Como já disse no outro "célebre" post da Venezuela, não estou comprometido com governo, sistema, partido ou organização alguma. Se há coisa que nunca faço (ou tento nunca fazer) é distorcer a verdade de modo a ajustá-la a uma ideia que esteja a tentar transmitir. Limito-me a dizer o que penso tal como tu fazes. A melhor coisa que aconteceu ao pacto de Varsóvia foi ter acabado e, sobre isso, não tenho renitência alguma. Defendo também, claro, que a melhor coisa que poderia acontecer à NATO seria a extinção. Uso o pacto de Varsóvia e a NATO com objectivos metafóricos, claro.

ArrayTerão visões políticas semelhantes às tuas? (piada fácil:23:).[/quote]

A piada é fácil, mas verdadeira, a resposta é sim.
lol

ArrayMas como é lógico, quem fala em nacionalidade, falará noutra coisa qualquer. Um cientista sabe mais do que eu de ciências, mesmo se estas estão no domínio da opinião. Tal como um economista te saberá explicar facilmente o movimento dos mercados financeiros e te explicará a razão para a volatilidade recente nestes. É claro que será sempre uma opinião, até porque a construção de um modelo científico mais não é que um exercício académico de elevada complexidade (lá está, depende do corportamento Humano, aquele que nenhum psicólogo ou sociólogo conseguirá explicar por simples modelos científicos, pela simples razão de não sermos feitos por 0s e 1s).[/quote]

A economia é uma ciência como qualquer outra e subordinada às mesmas normas e critérios de todas as outras, claro que a finalidade da nossa troca de ideias não é uma reflexão académica sobre ciência, mas uma coisa importante da qual falaste tacitamente no que escreveste foi a subjectividade do investigador, que está especialmente presente (embora não somente) nas ciências sociais. Mas está longe de formar uma barreira inexpugnável. O movimento dos mercados explica-se não pelas mesmas regras mas seguindo a mesma dialéctica que é usada para explicar (ou tentar compreender) as transformações sociais ou fenómenos de electro - magnetismo. Um modelo científico não se refere apenas a uma lógica booleana do tipo 0/1, pelo contrário, lida com o campo subjectivo interpelando-o objectivamente, através de uma relação de conceitos, dimensões, indicadores, etc. que são integrados dentro de um sistema lógico (complexo, claro), multidimensional onde se avaliam as relações recíprocas de todas as variáveis umas com as outras, digamos que qualquer aproximação científica terá de ser holística.
ArrayDesculpa, não existe "natureza humana"??? :wondering::wondering: Então explica-me uma coisa, se souberes resolver isto:

Tens 2 prisioneiros que trabalhavam em conjunto, não existindo contacto entre eles. Se nenhum confessar o crime porque estão acusados, os dois são libertados.
No entanto, se um deles confessar e o outro ficar calado, o que confessar apanha 2 anos de cadeia e o que ficar calado apanha com 20 anos. Finalmente, se ambos confessarem o crime, ficam 8 anos na cadeia.

Para ti, qual será o resultado deste jogo? E o equilíbrio, não será o resultado da "natureza humana"?[/quote]

Existem vários resultados possíveis, nenhum deles depende de uma "natureza humana" (este conceito só existe no senso comum), varia sobretudo com a personalidade de cada um desses indivíduos, cuja construção está intimamente ligada aos processos de socialização (embora não se circunscrevendo a eles). A relação desses dois indivíduos um com o outro seria rigorosamente determinante para esse resultado, não apenas isso como também as representações de cada um sobre o significado da confissão e consequências para ele e para o outro indivíduo, o conteúdo simbólico imbuído na ideia de cumprir uma pena de prisão também seria importante assim como o tipo de crime que tinham cometido e as motivações com que o cometeram. Imagina, poderiam ser políticas, o que baralharia bastante o quadro de análise. No fundo, tudo é relativo. Imagino que o resultado que consideras mais provável (assim como eu) fosse um dos indivíduos acabar a cumprir dois anos e o outro vinte anos, mas isso não nos diz nada nem sugere uma natureza humana, mostraria apenas uma tendência.

ArrayÉ o que fazem aquelas seitas americanas malucas (seguramente, deverá ser alguma partida feita pela Arquitecto para avaliar a nossa compreensão relativamente a esses acontecimentos :biggrinbandit::biggrinbandit:)... Excepto que alguns, no final, ficam apenas a ver os outros a morrer :biggrinbandit:E esses são normalmente aqueles que iniciaram a seita :biggrinbandit:(por um lado o egoísmo a funcionar - o que não se mata, mas instiga os outros a morrerem -, por outro lado, a estupidez flagrante - são instigados a morrer, sem terem a certeza que o iniciador do culto se suicide com eles).

Mas já que os teus conhecimentos são maiores que os meus neste campo, deixo-te esta questão:

O animal, esse ser vivo complexo, tem como objectivo principal sobreviver (no caso das fêmeas, também tentam proteger as crias).
E como será o Homem? Por mais racional que seja, será que o Homem também não é assim?[/quote]

Bem, não sou nenhuma autoridade na matéria, mas vou tentar responder segundo o que sei.

Questão importante a que colocaste, praticamente tudo o que conhecemos sobre os seres humanos mostra-nos que as coisas não funcionam de acordo com o mesmos mecanismos que observamos em muitas espécies animais. Por exemplo, disseste que, nos seres humanos, existe um "instinto natural" (isso que disseste, epistemologicamente, chama-se "obstáculo naturalista") das "fêmeas" para proteger a integridade física e a vida do seus filhos. Esse "instinto" pode encontrar-se em qualquer pessoa, homens e mulheres ou em nenhuma delas, varia segundo o contexto cultural. Por exemplo, uma antropóloga chamada Margaret Mead fez um estudo científico em que observou três tribos diferentes em Samoa e encontrou atitudes completamente opostas em relação aos papeis sociais. Numa delas, as mulheres ocupavam as posições mais proeminentes dentro dessa cultura enquanto que os homens, regra geral, tinham baixa auto-estima, manifestavam comportamentos neuróticos e ocupavam-se, sobretudo, das tarefas domésticas e com a educação dos filhos, sendo eles que davam provimento às suas necessidades. Em outra tribo acontecia o inverso e, na terceira, havia alguma igualdade entre os papéis e expectativa sociais (gostei particularmente desta, claro). Podes colocar as coisas em outros termos mais pragmáticos e minimalistas, por exemplo: "uma mãe leva o filho ao colo e, ao ver que vai se atropelada pelo comboio, protege o filho com o corpo, não é isso a natureza humana"? A minha resposta seria que isso depende do valor dado pela mãe à vida do filho, que não é igual em todo o lado nem de forma alguma absoluto. Em muitos casos que já foram observados em muitos sítios, há mães que através de actos culturalmente e socialmente confirmados e incentivados, cessam a vida dos seus filhos. Mesmo assim, como explicaríamos os progenitores que assassinam os filhos? Pessoas sem "natureza humana"?

ArrayE por outro lado, a sobrevivência do homem também não foi o resultado da heterogeneidade do "animal", tornando-o mais resistente em caso de catástrofes? Isso não se deverá também a uma "condição humana" que, de certa forma, nos é impingido pelo nosso código genético, que para o pior e o melhor, ainda tem muito código de quando ainda eramos peixinhos unicelulares a viver no mar?
Virtudes do liberalismo económico? Sem dúvida. E porquê? Porque o Homem é mau, razão pela qual o comunismo nunca existiu (o Marx esqueceu-se que não eram só os capitalistas que exploram o próximo, porque de, uma maneira geral (já sei que vais falar no modelo social nórdico, mas até devemos a flexi-segurança à Dinamarca), somos muito pouco altruístas, nem que seja pelo facto de eu não conhecer ninguém que não ande de carro - tendo dinheiro para isso - só porque polui (logo, violando a liberdade dos outros - que não andam de carro).[/quote]

Vou dizer-te como vejo a dialéctica entre o nosso organismo e o meio envolvente. Há duas coisas que estudei em profundidade em resultado do meu percurso académico (que é irrelevante para a conversa mas no qual tem sentido falar apenas para justificar a origem dessa opinião). Uma delas foi biologia e genética, a outra, como já falámos antes, Sociologia. Uma súmula do que penso será que os seres humanos recebem uma programação fundamental que é configurada geneticamente (contém a herança dos peixinhos e protozoários que falaste), é essa programação que define as nossas reacções a estímulos elementares (que, no seu conjunto, assumem complexidade infinita) como se nos tratássemos de um computador. Os estímulos do meio funcionaram como os dados que são introduzidos dentro desse algoritmo que irão produzir reacções (não necessariamente manifestações inteligíveis) que vão influenciar reciprocamente todos os outros indivíduos. Não existe (e isto sou eu a falar) um primado significativo entre cada componente, os dados são tão importantes como o programa, é por esse motivo que penso ser impreciso ou incorrecto, cientificamente, falar em "natureza humana". No fundo, tudo o que pensamos, consiste em processos fisiológicos. Ao contrário dos outros animais, somos sistemas abertos onde as relações com o meio ambiente são determinantes, no caso dos animais, as possibilidades são mais limitadas.

Bem, eu não tenho carro e poderia facilmente ter um, a poluição é um factor muito relevante para essa minha escolha. A minha cônjuge, por exemplo, tem carro mas não o usa sempre que tem outras alternativas, por causa da poluição. Quem ler isto pode estar a pensar "ya, parabéns...", mas digo isto apenas porque tenho poucos exemplos para citar, embora não culpe a "natureza humana" por isso. Não penso que sejamos "maus" penso que somos "nada", somos um sistema multifacetado e complexo de estruturas que podem ser preenchidas de formas infinitas e tanto podemos ser "bons" como "maus".

ArrayMassssss, tsss tssssss, alguém vai-te dizer que no longo-prazo (continuo sem saber muito bem o que isto é, até porque na economia, apenas sei que os ciclos económicos recentes foram de 9 anos :embarrest:), esses países serão mais ricos e todos ficarão melhor...

(o que também não limpa o facto de milhares de seres vivos terem sido mortos, devido à irresponsabilidade grosseira de alguns tecnocratas quererem produzir energia barata, sem o mínimo de condições de segurança... capitalismo e socialismo, a face da mesma moeda :noworry:)
Socialista ou não (ok, prontos, proto-socialista, mas até esta definição, tal como todas as outras, num plano académico, serão apenas redutoras), estava errado no ponto sobre o Homem. Ou melhor, nem é bem "errado". Porque para existir um "errado", tem de existir um "certo". Ora, na natureza, não há nenhum "certo" na minha opinião. Nem pode haver. O que é "certo" ontem (tomar ecstacy para combater a obesidade e a depressão), já não o é hoje. Tal como amanhã tomar prozacs, ir ver as 24 horas de Le Mans, comer presunto de pata negra, ir as put... será visto como "errado" (será que já não o é? :rolleyes:)[/quote]

Com isto, concordo, não há certo nem errado nem "natural" ou "anti-natural", as coisas têm um carácter processual, tal como a evolução dos seres humanos e da personalidade de cada pessoa. Tudo são transformações.

ArrayEntão porque dizes que é um sistema desigual e insalubre? Porque o Homem é assim? (já disse que não concordo com o Rousseau, o Homem é "mau" por natureza, ou melhor, nem é que seja mau, é como é e prontosssssse). Porque a Natureza (que recompensa os fortes e castiga os fracos) também o é?

E claro, com o desenvolver do tempo, a própria definição de "forte" e "fraco" mudou. Assim o Homo Primitibys nunca sobreviveria num mundo como o nosso, tal como o Homo Modernus também não sobreviveria nos tempos em que o Homem lutava com os dinossauros.[/quote]

Bem, em termos de Neo-Darwinismo, sobre a evolução das espécies, não chega a haver conceito algum de "forte" e "fraco", mas sim de "adaptação". "Evolução" deve ter sido um dos termos mais infelizes para descrever uma teoria científica, já que as espécies não evoluem no sentido moral, teológico ou teleológico, do pior para o melhor, simplesmente mudam de acordo com as pressões selectivas e adaptam-se independentemente da sua "vontade". Penso que o sistema é "insalubre", porque, quando defendo um modelo para as sociedades refiro-me às minhas próprias noções subjectivas sobre justo e injusto, certo ou errado, bom ou mau, a sistemática científica e "amoral" da ciência não substitui todas as dimensões que formam um indivíduo, gostaria de poder usar a ciência de forma a fazer a sociedade progredir no sentido dos meus princípios e valores em articulação com os princípios e ideias de todos os outros.

Dinossauros? Os dinossauros desapareceram no Mesozoico, os humanos apareceram no Cenozóico. Mas mamutes não devia faltar. :D "Mamute racing"... era um bom nome.



ArrayE deixaram-te passar? :biggrinbandit::biggrinbandit::biggrinbandit:Cá para mim, corrompeste-os antes da corrida. :rolleyes::rolleyes:[/quote]

Bateram um contra o outro, o Vítor apareceu por trás de mim como uma bala e acertou no Hugo. :D

ArrayPoeira poeira, nem diria isso, que as nossas estradas não se assemelham à estradas soviéticas (ou as estradas na finlândia :biggrinbandit:).

Agora se fôr da poluição dos canos de escape... ou do sal na comida :wondering::wondering::wondering::wondering:

(como se o meu objectivo fosse atingir determinado patamar de idade. Eu cá diria que será atingir determinado nível de bem-estar... que invariavelmente dependerá do nível de materialismo que deterei).[/quote]

Na união soviética não eram necessárias estradas, com a consciência tão leve o povo levitava. :mrgreen:

Não devia ter dito isto, dá para fazer demasiados trocadilhos. Bolsos leves, etc.
lol
[Image: celeritas_sig.png]
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Lembram-se do Lada? - by David Costa - 28-08-2007, 11:24 PM
Lembram-se do Lada? - by jazzda - 28-08-2007, 11:35 PM
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Lembram-se do Lada? - by diospiro_verde - 01-09-2007, 09:14 PM
Lembram-se do Lada? - by Gil A. - 01-09-2007, 10:34 PM
Lembram-se do Lada? - by diospiro_verde - 01-09-2007, 10:47 PM
Lembram-se do Lada? - by diospiro_verde - 02-09-2007, 01:45 PM

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